Saúde Mental nunca esteve tão em xeque quanto os últimos anos, e Saúde Mental Organizacional também. O que antes era visto como obsoleto e limitado a poucos, hoje já é entendido como necessidade pelas pessoas, e item obrigatório do pacote de benefícios por parte das empresas, que já enxergam a importância do assunto para o sucesso das suas operações.
O cenário pandêmico que o mundo experienciou com a COVID-19 evidenciou a necessidade com a qual muitas pessoas se deparam todos os dias, a de precisar de ajuda de um psicólogo. Existe uma luta antiga por parte dos profissionais e órgãos de psicologia para a desmistificação do ato de fazer terapia, porém, o cenário da pandemia forçou a aceitação popular acerca do assunto, já que um número imenso de pessoas adoeceu psicologicamente.
Dados mostram que em 2021 e 2022 o número de ausências no trabalho por questões de estresse, depressão ou ansiedade superou o número de 15 milhões. O cenário de incertezas, luto e desesperança corroborou muito para este número tão alto. Para além destas situações o próprio trabalho, por muitas vezes, se mostrou como um elemento de adoecimento, uma vez que as pessoas se viram incapazes de entregar resultados que continuavam sendo necessários, mas que, pelas questões do momento, externas ao trabalho, deixavam as pessoas incapazes de performar da mesma maneira de antes.
A pandemia de COVID-19 fez com que alguns assuntos que tinham menor importância de forma geral se tornassem essenciais para muitas pessoas. Alguns processos que vinham se estabelecendo também foram obrigatoriamente acelerados por necessidade de adaptação ao que foi chamado, durante os anos de pandemia, de “novo normal”. Um dos principais deles é o modelo de trabalho home office.
O modelo de trabalho remoto no Brasil ainda era, no início da pandemia, uma opção restrita a um grupo pequeno de empresas, geralmente limitado à algumas áreas específicas de atuação, como tecnologia. Mesmo assim, as empresas que tinham o modelo como prática eram vistas como “descoladas”. Ainda que em alguns países ao redor do mundo já fosse uma prática comum, no Brasil o trabalho remoto ainda estava dando os primeiros passos para ganhar espaço.
A pandemia forçou as empresas a adaptarem suas formas de atuação e migrar de forma extremamente rápida para o modelo de atuação remota. O que poderia parecer quase impossível se mostrou como uma prática muito eficiente, tanto que mesmo após a pandemia, muitas empresas mantiveram o trabalho remoto como padrão, ou pelo menos adotaram o modelo híbrido.
Essa mudança abriu grandes horizontes para as pessoas no que diz respeito a qualidade de vida. Muitas deixaram as capitais onde moravam e se mudaram para perto da família ou cidades mais pacatas, por entenderem que elas proporcionam maior tranquilidade no dia a dia.
Em meio a um cenário tão caótico, as pessoas precisaram apelar para todas as saídas que pudessem minimamente mitigar o estado de estresse e sofrimento. A prática de exercícios físicos também foi uma saída adotada por muitas pessoas e a preocupação com o corpo e a saúde foram muito reforçadas. Houve muitos casos de pessoas que não resistiram a tanto estresse e sucumbiram a um estado de paralização, em muitos casos adoecendo em decorrência disso.
Por outro lado, as pessoas que conseguiam resistir a este estado, em grande parte, concentraram bastante as energias em aspectos de cuidado com o corpo para se manter minimamente bem, também mentalmente falando. Esta maior preocupação com o corpo também é um ponto que veio para ficar. Mesmo com “a vida voltando ao normal” se percebe a continuidade do volume alto de pessoas que têm a prática regular de exercícios como parte da rotina.
A maior preocupação com a saúde não parou no aspecto físico do corpo. Foi grande também o aumento de pessoas apostando em cuidados com a saúde mental. Além das práticas no dia a dia que, indiretamente, auxiliam na promoção de saúde mental individual, o volume de pessoas ingressando em processo de psicoterapia também aumentou muito. O que antes era visto com estigma (fazer terapia), passou a ter aceitação imensamente maior, inclusive sendo pauta de campanhas, que passaram a incentivar a prática.
O “novo normal” se aplicou ao período pandêmico, mas alguns traços, como os que acabamos de citar vieram para ficar. As pessoas têm considerado, muito mais, aspectos de qualidade de vida e é muito mais comum que o trabalho não seja visto como elemento central da vida das pessoas, mas sim, como uma parte do todo. Para reter talentos as empresas estão precisando olhar para estes aspectos e se adaptarem.
Nesta linha de as pessoas passarem a priorizar pela qualidade de vida, um dos pontos chave é a preocupação com a saúde mental. Neste sentido, ambientes de trabalho que gerem altos níveis de estresse, podem se mostrar mais aversivos e serem motivo suficiente para a consideração da troca de emprego.
Segundo uma pesquisa feita pela Capita mais de 75% dos colaboradores relataram ter sofrido estresse e ansiedade no trabalho nos últimos 12 meses. A mesma pesquisa mostrou que 45% das pessoas consideraram deixar o emprego devido a esses fatores que ele gera.
Isso tudo despertou a necessidade de as empresas olharem com mais atenção para elementos que tornam o dia a dia dos funcionários mais agradável e recursos que viabilizam alívio das cargas de estresse. Segundo a OMS, a cada $ 1 dólar investido em ações de saúde mental e bem-estar, $4 são ganhos, por retorno em redução de absenteísmo
Em consonância ao cenário de mudanças, é cada vez mais comum vermos empresas adaptando suas formas de trabalho e gestão, além de investir em recursos como serviços de saúde mental, acesso a academias e aplicativos de meditação guiada. Abaixo listamos algumas ações que podem apoiar a sua organização na adaptação ao novo cenário.
Adaptação do modelo e jornada: O modelo híbrido é o mais próximo da realidade de grande parte das empresas, já que – salvo casos de atividades essencialmente presenciais, como indústrias e alguns tipos de serviços – muitas vezes existem tarefas que podem ser feitas sem estar presencialmente nos postos de trabalho.
É bem importante também que a empresa consiga deixar clara a importância de ter os colaboradores de forma presencial em alguns dias da semana, seja para tarefas essencialmente presenciais, ou ainda, para promover maior alinhamento das equipes e desenvolvimento de soluções em conjunto. Adotar a flexibilidade de horário também é um caminho que pode trazer bons frutos, apesar de exigir uma gestão de demandas bastante minuciosa e não se ajustar para qualquer ramo de atividade.
Preparar gestores para relacionamento próximo: Falar de hierarquia tradicional já nem é mais um assunto considerado atualmente, e nos últimos anos este modelo foi se mostrando realmente ultrapassado para o sucesso das equipes. Faz parte da satisfação no trabalho saber que se pode contar com seu chefe para apoio seja com questões do trabalho ou com atravessamentos da vida pessoal, que possam impactar na vida profissional de alguma forma.
Além disso, sentir que está sendo desenvolvido profissionalmente também é um elemento que sempre é colocado na balança quando se analisa a satisfação com o emprego. Desta forma, o gestor precisa ter a proximidade com as pessoas do time e o desenvolvimento dos colaboradores como pontos centrais de atuação.
Ações que demonstrem a preocupação com o bem-estar dos colaboradores: Pesquisas de clima, palestras sobre temas que beneficiam as pessoas, Programa de Desenvolvimento Individual, são algumas ações que podem ser aplicadas pelas organizações e que demonstram que existe uma preocupação com as pessoas que estão “por trás” dos cargos. São também elementos que sempre serão considerados pelos colaboradores em situações de decisão sobre troca de emprego, por exemplo.
Oferta de benefícios que promovam o bem-estar: Atualmente existe uma infinidade opções que podem compor o pacote de benefícios disponibilizados aos colaboradores. Desde a flexibilização de recursos destinados à alimentação, podendo ser utilizados em supermercados ou restaurantes, subsídio para acesso a academias e cuidados com a saúde mental, ou ainda ocasiões de day off no dia do aniversário, por exemplo. Alguns deles não chegam a representar necessariamente custos para a empresa, como o caso da flexibilidade dos créditos para alimentação.
Outros, podem até representar custos, mas que, por fim, retornam em economia para a empresa, como é o caso do investimento em saúde mental. Com a atuação preventiva o retorno em economia para a empresa em pontos como absenteísmo e turnover chega a ser maior que o investimento, além de não refletir em sinistralidade nos planos tradicionais de saúde.
O Programa de Saúde Mental da Versalize é uma opção para este benefício e, inclusive, conta com elementos que podem ajudar em aspectos que envolvem o desenvolvimento dos grupos e equipes da empresa.